
As pessoas não aparentam ser o que sentem. Talvez, aparentam ser o que são. Sendo assim, médico tem cara de médico. Sério, ríspido. Professor tem cara de professor. Articulado, alguns apresentam aparência cansada. Escritor tem cara de escritor, todo intelectual. Artista tem cara de artista. Alegre, cativante. Funcionário público tem cara de funcionário publico: se o salário é baixo, tem cara de folgado. Se o salário for alto, tem cara de louco. E p*** tem cara de p*** mesmo. Não há como negar.
Sua aparência também pode indicar sua personalidade. Mas há casos que fogem da regra. Ela, em especial, era uma pessoa simples. Rosto singelo, de traços fortes. Um bom desenhista diria até que esses não são os traços apropriados para se desenhar uma mulher bonita. Porém, ela o era. Aparentava joviedade, bondade, um estado de espírito de calmaria, que alguns até invejavam. Mas ela não era sua aparência. E estava bem longe de ser. As vezes se perguntava porque algumas pessoas exclamam que a vida é bela, se a dela era tão confusa, cheia de problemas e triste. Pensar em hipóteses para melhorar seu estado de espírito não trazia soluções. Então, fazia algum tempo que decidira-se por não se importar com as agruras da vida. Afinal, nada tinha realmente valor e nada podia ser perdido.