quarta-feira, 20 de março de 2013

I see beauty, in dead flowers



Eu era uma daquelas pessoas que não via graça nas flores. Minha mãe cultiva um pequeno jardim em frente da minha casa, e eu sempre me perguntava o porquê dela não cimentar TODO o chão, pois assim seria muito mais útil, e muito menos trabalhoso. Imagina, ficar regando as plantinhas todos os dias? Se virar com os insetos que elas atraem? E a sujeira de suas folhas? Ali caberia tranquilamente um carro, e eu teria mais espaço para desfilar com meus patins. Mas no fundo, eu sabia que minhas palavras eram inúteis e ela não iria se desfazer do jardim assim tão facilmente, só porque eu estava pedindo. Sei de quem ela pegou essa mania de florzinhas. Minha avó foi a grande culpada. Ainda lembro de seu quintal, repleto de flores, de todos os tipos, em todos os cantos, e que ela, todo dia, pacientemente, regava uma a uma, conversando com elas.
Achava inútil, nos filmes ou nas novelas, o namorado apaixonado entregando um buquê de flores à amada. Porquê não entregar algo mais útil? Chocolates seriam muito mais bem vindos, pensava. Afinal, as flores podem até ser belas em primeiro momento, mas dali uns três dias, elas morreriam mesmo... As flores morrem, caramba. Que graça tem gastar o seu dinheiro num presente que vai murchar e morrer?
Até que, num belo dia, chegou a minha vez de ganhar flores. Não era uma ocasião especial, ele só resolveu me presentear, fazer um agrado. Na época, era meu namorado. Um buquê de rosas vermelhas. Aquilo foi completamente inesperado, e é claro, ele não sabia minha opinião sobre flores. Minha reação? Abri um sorriso singelo e agradeci. “Obrigada”. Foi tudo o que eu disse. Voltei rapidamente pra minha casa, coloquei (joguei) o buquê em cima da mesa e parti pra mais uma balada de sábado a noite. Quando voltei, e obviamente que já estavam todos dormindo, aquelas flores...estavam bonitamente arranjadas no centro da mesa, num vaso de vidro, com água. Apenas olhei, sem de fato, observar. Meu sono era mais importante.
No outro dia, ao acordar, me deparo com a seguinte pergunta? “Porque essas flores?” Bom, eu não soube responder. Porque as pessoas se presenteiam com flores? “Não sei” foi a minha simpática e única resposta viável. Até que depois de uns dias, aconteceu o esperado. Elas morreram. E sabe que diferença fez isso aquele dia? Nenhuma!
Meses se passaram, e eis que ganho o segundo buquê. Dessa vez eram amarelas. Bonitas também. E minha reação foi a mesma, num primeiro momento. Só que algo inesperado dessa vez aconteceu, pois não só olhei. Passei a observar melhor as florzinhas, e a reparar nelas com outros olhos, pensando em seu significado, não apenas em sua singularidade enquanto uma simples flor bonita, que murcha e morre.
Pois bem, a última flor que ganhei foi retirada de um jardim, um singelo broto cor de rosa que deixou seu agradável aroma em meu carro por alguns dias. E isso foi maravilhoso.
Aprendi que as flores não são apenas belas. O que é realmente esplendoroso são os motivos, as razões por trás daquela simples planta. Minha avó deveria ser um pouco mais feliz ao ver nas flores uma felicidade intrínseca ao fazer o bem a elas. Os namorados demonstram o mais sincero dos amores ao entregar àquelas flores que podem até ser baratas, porém especiais. E até mesmo quando elas murcham e morrem, seu significado ainda paira no ar, com a graça que só as flores possuem. Hoje em dia, eu consigo ver graça e pureza, até mesmo nas flores mortas, pois mesmo sem vida, continuam repletas de múltiplos significados!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Dias iguais

Se eu soubesse que meus dias seriam todos iguais,
teria cometido mais erros triviais,
banais,
e até fatais.
Mas meus dias foram todos iguais.
Se eu ao menos soubesse, que os dias seriam todos iguais
Teria tido mais encontros casuais
Não teria me importado com problemas comportamentais,
e nem com crises existenciais.
Porém, todos foram iguais.
Teria tentado ter ideias geniais
Quem sabe se tornariam imortais??
Sorriria em todos os catastróficos Natais
Demonstraria mais amor, não somente às pessoas convencionais.
...lamentavelmente, foram todos iguais.
Por fim, não dá mais para voltar atrás
eu fui sempre normal,
segui a linha casual,
e a razão nunca deu lugar ao emocional.

Só queria que os dias fossem especiais,
mas não passaram de dias iguais.

O ser dos seres


A pessoa não precisa ser professora pra saber escrever corretamente, sem erros ortográficos.
A pessoa não precisa ser publicitária para ter ideias geniais e saber fazer um bom marketing.
A pessoa não necessita ser cantora, para cantar.
Não se encontram gênios só no ramo científico.
Quem disse que só os médicos têm o dom de curar?
Será que somente os atores tem o dom de atuar?
Todos os pais sabem educar?
O juiz pode se equivocar?
Só os poetas sabem rimar e amar?
Precisa ser músico para inspirar?
Todos podem, mesmo os honestos e bons,eventualmente errar
Da mesma maneira que, com esforço e dedicação,todos podem acertar
Basta acreditar.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Chuva de pedrinhas coloridas



Aconteceu faz alguns longos anos. Num tempo em que sabia balbuciar apenas algumas palavras. Estava aprendendo a falar.
Encontrava-me no quintal da casa de minha tia, sozinha, observando a chuva. De repente, e inexplicavelmente aos olhos de um adulto, começam a cair pequenas pedrinhas COLORIDAS junto da chuva. Vermelhas, azuis, verdes e amarelas. Achando graça naquilo, rapidamente estendi minha mão, ao passo que se espatifou em minha palma, uma pedrinha vermelha. Esperei a cena bonita se dissipar e então, corri para minha tia, mostrar a mancha vermelha em minha mão. Ela, obviamente, ficou espantada, achando que aquilo era sangue. Correu comigo ao banheiro, ligou a torneira e deixou a água corrente levar “o sangue” embora. O que se seguiu depois, foram tentativas frustradas de minha tia, de tentar desvendar aonde eu tinha me machucado. Como eu ainda não sabia articular muito bem as palavras, não conseguia explicar por definitivo que aquilo era somente uma pedrinha vermelha que caiu do céu, junto com tantas outras pedrinhas coloridas. Então, só restava a mim, responder suas perguntas.
 - Você machucou na maçaneta da porta?
 - Nãaoo!
 - Você machucou no seu relógio de pulso?

 - Nãaooo....
E foi assim. Ela não descobriu afinal, da onde veio aquilo. No alto de sua idade, hoje em dia talvez até já tenha apagado da memória esse fato. Mas eu, ainda espero um outro dia em que possa visualizar minha chuva de pedrinhas coloridas.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

and a happy new year...

Feliz Natal pra você, que me deseja um feliz Natal só por ter que me aturar.
Feliz Natal pra vocês, que desejam feliz Natal só por interesse ou comodismo.
Feliz Natal pra você, que almeja mais que tudo ganhar um presente surpreendente e caro.
Feliz Natal pra você também, que não vê a hora de atacar o belo banquete que a festa proporciona.
Feliz Natal pra você, preocupado com status social, competindo pra ver quem tem o lar enfeitado com as mais belas luzes piscantes, e tem uma árvore frondosa repleta de presentes à seus pés.
E um especial Feliz Natal pra todos vocês, que não sabem admirar cada pessoa pela sua honestidade, bondade, conquistas e virtudes. E que só se lembram de ser “bons” nessa época do ano.
Natal, festa inútil e hipócrita.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

jaz pra lá

Voltei pra casa
com um perfume que não era meu,
lembrando na noite passada que faleceu
que me corrompeu.
Com um semblante que não queria ter,
aos farrapos e imundo
esse é meu novo ser.
Parei, analisei,
e friamente calculei:
Já era, admiti.
O que aprendi de bom, esqueci.
fugi, parti
pra algum lugar
bem longe daqui.

Problem?

UMA FORMIGA. Ao longe, pequena, quase imperceptível, toma poucas formas na vasta área em que seu olhar alcança. Chegue mais perto, analise, suas peculiaridades, sua singularidade, toma forma definida no pequeno espaço que seu pequeno corpo pode ocupar. Assim podem ser seus problemas, dependendo da forma com que você observa. Diminua-os, à seu verdadeiro tamanho, ou, os torne maiores, dum tamanho irreal, martele em cima disso e logo será uma mancha negra a ocupar seus pensamentos. Problemas de mais, problemas de menos, as vezes, o que precisamos mesmo é reduzí-los à sua insignificância.