terça-feira, 19 de outubro de 2010

Fufu e Sisi

Fulano: Oi
Sicrano: Olá
F: Como anda?
S: Com as pernas.
F: Vai começar? Por que andas com tanto mau humor?
S: Mas eu já falei que ando com as pernas! O que esse tal de mau humor tem a ver com meus passos?
F: Tem a ver que não te deixa caminhar! Não percebes? Enquanto os dias passam, você não se esforça para enxergar as coisas boas da vida, tudo que faz é reclamar, odiar e não dar valor aos que te querem bem.
S: Ninguém quer o meu bem! Cada um só sabe olhar pro próprio umbigo. É por isso que prefiro caminhar sozinho, só com minhas pernas, sem esse mau humor ao meu lado.
F: Ele não está ao seu lado. Está em você. Dentro de ti. Ao invés de só enxergar o lado de fora, tente fazer uma análise detalhada de si próprio. Descobrirá coisas importantes.
S: Que coisas importantes? Sei muito bem quem sou e aonde quero chegar. Sou dono de meus passos, senhor do meu destino. Nós nascemos para morrer. É fato! De que adianta criar expectativas, me iludir, me esforçar e até alcançar, se depois tornar-me-ei em pó!? Assim como todos. Não há escapatória. Quem devia rever seus conceitos é você, Fulano!
F: Eu hein! Quanto desânimo. Sei muito bem que um dia todos irão morrer, mas enquanto viver, prefiro lutar, sorrir, me divertir. Não sei o que me espera depois da morte, só sei que quero ter uma vida bem vivida, plena, e me empenhar para que as pessoas que de mim se aproximam também tenham essa virtuosa visão. Vamos, deixe esse pessimismo de lado.
S: Pra quê? Por quê? Não sou pessimista, sou realista!
F: Não seja passivo diante da vida. Não fique sentado vendo-a passar. Quando se der conta que perdeu coisas importantes, verás que não tem como voltar atrás. Então aproveite. Há muito tempo ainda. Largue mão do pessimismo e aceite meus conselhos. Venha comigo. Posso te ensinar a ter novas perspectivas.
S: Ah não! Agora, além do mau humor que estava grudado em meus passos, também tem esse pessimismo segurando em minhas mãos? Olha, Fulano. Você não está falando coisa com coisa. Desisto de ter uma conversa séria com você. Estás doido e ainda tenta me convencer que o errado sou eu!! Fique aí, nesse mundo da fantasia e leve quantos quiser com você, nem ligo. Mas não vou te ajudar não! Vou continuar seguindo só, em passos largos, no indiscutível caminho da verdade.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Velhice

Você percebe que está ficando velho quando faz algumas comparações de situações do cotidiano com seu passado nem tão distante. Aí vão algumas:
Você percebe que está ficando velho quando seu professor, cabeleireiro, colega de trabalho ou o motorista do carro ao lado são mais novos que você.
Você percebe que está ficando velho quando se depara com um Justin Bieber ou uma Miley Cyrus e se dá conta que são mais novos e mais bem sucedidos que você. Porque antes gostava de comparar a idade dos artistas em ascensão com a sua, e se lembrava o quanto era mais novo perto deles.
Você percebe que está ficando velho quando seus amigos começam a se casar.
Você percebe que está ficando velho quando seus pais começam a ficar com os cabelos grisalhos.
Você percebe que está ficando velho quando suas gírias estão ultrapassadas.
Você percebe que está ficando velha quando aquela saia que antes achava lindérrima já não cai tão bem em você.
Você percebe que está ficando velho quando as pessoas acima dos 30 te tratam com normalidade.
Você percebe que está ficando velho quando deixam de achar bonitinho algo banal que você fez. E na maioria das vezes, ainda leva bronca.
Você percebe que está ficando velho quando começa a preocupar-se em fazer matrícula numa academia.
Você percebe que está ficando velho quando seu desenho favorito de infância já virou lenda, e aquela música que ouvia tanto está voltando às paradas de sucesso em outra versão (piorada).
Você percebe que está ficando velho quando não acompanha mais as novidades dos games e acha meio complexo os que são lançados.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Pra não dizer que não falei das flores


Chegara a hora de pôr as cartas na mesa. A muito tempo estava diferente. Queria mudar a situação, mas não sabia como. Talvez, não tivesse outro jeito. A única saída seria dar um fim à causa do sofrimento, sabendo que depois disso as coisas iriam piorar, mas o tempo resolveria. Afinal, o tempo é o senhor da razão. Nada como um dia após o outro.
Analisara bem a situação. De que adianta ir se matando aos poucos, se as perspectivas indicam que nada daquilo iria passar? Estava totalmente descrente de um final feliz. Aliás, difícil era apontar algo que acreditava. Perdera as esperanças em tudo, em todos. Provavelmente, o melhor seria pensar mais em si. Contudo, não conseguia. Até em si estava descrente e os problemas martelavam mais e mais em sua cabeça.
Não conseguia mais demonstrar seus sentimentos. Nem tinha mais vontade. Nem mereciam mais. O pior de tudo é que estava se acostumando a dor, às decepções, às mágoas, à tristeza. A tempos mantia em seu semblante um ar taciturno e as pessoas estavam percebendo aquilo. E por mais que tivesse se acostumado a situação, precisava se desprender do que lhe fazia mal. Sabia exatamente os motivos que levaram aquela situação e as mudanças não dependiam mais de si. Só queria ser como todo mundo: normal. Era pedir muita coisa?
Tinha medo de iniciar a semana e os problemas começarem, tudo outra vez, tudo igual, tudo a mesma coisa. Afinal, mal se recuperara das decepções de poucos dias atrás. Como podia superar as agruras que estavam por vir se a ferida ainda estava aberta?
Odiava ter que admitir isso, sua dependência de alguém. Mas não gostava da idéia de tê-lo pela metade, pois já se sentia só. Mesmo em pequenos relapsos de felicidade, sentia-se só. Mesmo na melhor das companhias, sentia-se só.